A epidemia de sífilis no Brasil. O Ministério da Saúde lança ação nacional de combate.
- Crescer online
- 22 de out. de 2016
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O Ministério da Saúde coloca em prática uma série de ações com objetivo de combater a doença que pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gestação e provocar danos irreparáveis nos recém nascidos e até o aborto.
Uma doença que pode passar despercebida por muitos anos nas pessoas adultas é capaz de causar problemas sérios ao bebê em formação dentro do útero. A sífilis é silenciosa, mas merece bastante atenção – especialmente porque o número de infectados vem crescendo de forma preocupante no Brasil. De 2014 a 2015, a doença teve aumento de 32,7% na população entre homens e mulheres, 20,9% nas gestantes e de 19% nos casos congênitos (bebês que já nascem infectados).
Os dados apresentados pelo Ministério não representam a totalidade, afinal, uma dificuldade muito marcante para o enfrentamento da sífilis é o diagnóstico e tratamento dos parceiros. Em muitos casos, mesmo com o tratamento das mães, a reincidência da doença é grande.

Em 2015, foram notificados 19.228 casos da doença em bebês de todo o país representando, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. Ou seja, a cada mil crianças nascidas vivas, seis ou mais nascem com sífilis.
Segundo o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, “Os casos subiram em número significativo e o Ministério está tratando o problema como epidemia até para que resultados de redução sejam mais expressivos possíveis”, e “Os recursos estão disponíveis. É preciso que as pessoas se submetam aos testes e aos tratamentos”.
A Sífilis se não tratada durante a gravidez, a infecção pode causar aborto, cegueira, surdez, deficiência mental e outras malformações fetais. Sendo assim a população deve estar atenta aos sintomas da sífilis para buscar ajuda médica.

A detecção da sífilis é feita por meio de testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). De 2001 para 2015, o Ministério da Saúde aumentou de 1,1 milhão para 6,1 milhões a quantidade de testes distribuídos a estados e municípios.
É indicado que as gestantes façam testes rápidos já na primeira consulta do pré-natal. Por isso é importante conscientizar as mães e seus parceiros a iniciar o pré-natal ainda no primeiro trimestre da gravidez. “Um grande desafio é o início precoce, já que culturalmente as mulheres tendem a procurar o médico apenas quando a barriga aparece, o que diminui as chances de cura da sífilis para a mãe e facilita a transmissão da doença para o bebê”, explica a diretora do Departamento de HIV, aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
O tratamento, por sua vez, deve ser feito com acompanhamento médico. O medicamento indicado é um antibiótico da família das penicilinas, o único capaz de prevenir a transmissão vertical. No entanto, desde 2014, países de todo o mundo enfrentam o desabastecimento, devido à falta de matéria-prima para a sua produção. Por isso, o governo brasileiro resolveu adquirir, neste ano, 2,7 milhões de frascos, em caráter de emergência, com prioridade na prescrição para grávidas e seus parceiros.
Uma carta compromisso foi assinada com 19 associações e conselhos de saúde, na Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, estabelecendo ações estratégicas para redução da sífilis congênita no país com prazo previsto de um ano. O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar imediato tratamento com a penicilina.
O que é sífilis?
Trata-se de uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. A principal forma de transmissão é por via sexual (relação sexual sem camisinha), mas também acontece pela transfusão de sangue e durante a gestação (da mãe para o bebê).
Quais são os sintomas?
Os sintomas começam, em média, de 3 a 4 semanas após a pessoa ser infectada pela bactéria. Se não for tratada, a doença evolui por suas diversas fases e pode levar a lesões cardíacas, cerebrais, e até mesmo à morte. Na fase primária, aparecem feridas abertas no local da infecção (normalmente boca, vagina, pênis, ânus. Raramente, pode surgir também em outras partes do corpo, como os dedos). Essas lesões não sangram e não doem. É por isso que muitos doentes não se dão conta da gravidade do problema e não desconfiam que estão infectados. As feridas somem em até 12 semanas, o que contribui para a pessoa pensar que está bem. Na fase secundária, surgem erupções cutâneas nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Elas duram algumas semanas. Durante esse período, é comum apresentar febre, perda de apetite, aftas e cansaço. Em seguida vem a fase latente, sem sintomas – que pode perdurar de algumas semanas até muitos anos. Depois dela, chega a fase terciária da doença, época em que podem aparecer os maiores problemas, que afetam o cérebro e o coração e são capazes de levar à morte. Bebês que são infectados durante a gravidez podem ir à óbito antes do nascimento ou apresentar diferentes malformações fetais – inclusive a microcefalia.
Como detectar?
O diagnóstico da sífilis pode ser feito por meio de testes rápidos, disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Quem está planejando a gravidez, deve fazer o exame antes, para se certificar de que não tem a doença. No caso de gestantes inesperada, é preciso realizar o teste já na primeira consulta do pré-natal (no primeiro trimestre), para tratar o quanto antes e minimizar os riscos ao bebê.
Como tratar?
O tratamento mais comum é feito com penicilina, um antibiótico por via injetável. A prescrição pode ser de uma a três doses, a depender da fase em que a doença se encontra, conforme explica o ginecologista e obstetra Ricardo Luba (SP).
Como se prevenir?
É importantíssimo manter relações sexuais com preservativo. Mulheres que estão planejando uma gestação devem fazer o exame para verificar se são portadoras da bactéria antes de engravidar. Durante o primeiro trimestre da gravidez, o Ministério da Saúde recomenda que a mãe e o pai façam o teste. Alguns médicos, para ter uma certeza ainda maior, repetem o teste nos três trimestres da gestação.
"O aumento de casos de sífilis é relevante e preocupante. Isso mostra a realidade da saúde pública no Brasil. Também revela que o comportamento sexual mudou: com a liberação sexual da nova geração, muitas as pessoas estão perdendo o controle e não têm usado camisinha. A informação está em todo lugar, mas falta conscientização.
Assista o vídeo de mobilização da campanha.
Mais informações sobre sífilis, clique aqui e acesse o Gave.
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